Abastecimento de Águas

“Esta laboriosa terra, no que respeita a melhoramentos, dorme o sono dos justos!”. Assim começa o artigo “Couchel e as suas necessidades”, de Abril de 1932, em que é detalhado que a “principal necessidade de Couchel, presentemente, é um chafariz com água potável, pois a fonte de chafurdo que possui deve desaparecer por ser antiigiénica”.[1] Para endereçar o problema, recomendava-se a união dos filhos da terra através de uma comissão de melhoramentos.

A 20 de Setembro de 1932, publicava a Comarca de Arganil que começavam os “trabalhos da abertura da vala para a colocação das manilhas destinadas à canalisação de água para a fonte da Bica”.[2] Ainda a propósito da fonte, a 6 de Janeiro de 1933, o mesmo jornal noticiava que “devido ao tempo invernoso que tem feito, foram interrompidos os trabalhos de construção do nosso chafariz. Oxalá melhores dias venham para aqueles trabalhos recomeçarem, pois é da maior necessidade”.[3]

Em 1963 são anunciados trabalhos de beneficiação nas fontes de mergulho de várias localidades de Poiares, estando incluído Couchel.[4] É expectável que tal se referisse à Fonte da Bica, no entanto existiam à data outras duas fontes de mergulho ou de chafurdo, a mina da Quinta das Fontainhas e a Fonte das Tortas.

Em 1964, a actual administração do concelho mostra preocupação com o facto de Couchel e Vale de Vaíde não “poderem continuar a utilizar as fontes que agora possuem”, considerando que os casos requerem uma “urgente e condigna solução”.[5] Em 1967,[6] e novamente em 1968,[7] é noticiado que o “projecto de abastecimento”, “a partir do poço aberto em Casal do Gago” está “em plena execução”.

A fonte foi, como em muitas outras aldeias portuguesas, fundamental para o fornecimento de água para as necessidades do dia a dia. A água canalizada aos domicílios tardaria a chegar. Publicava-se a 24 de Agosto de 1976 que tais trabalhos estariam “quase terminados”,[8] mas as obras são novamente notícia em 1977[9] e 1978, sendo destacado o papel da população, que contribuíra em “grande escala, com o seu trabalho e alguns subsídios”.[10]

Em abril de 2017 foi recebido com grande expectativa o anúncio que seriam realizadas obras de requalificação da rede de abastecimento de água em várias aldeias, incluindo Couchel. Tais obras incluíriam a remodelação da conduta de abastecimento de água entre Couchel e Vale de Vaíde, num investimento estimado em 51.165 €.[11]

Em Novembro de 2017 era noticiado que em Couchel tinha sido “totalmente substituída a rede de abastecimento não só de água como de saneamento e águas pluviais”.[12] No entanto, a maioria das habitações continua a ser servida com a antiga canalização dos anos 70 que, de acordo com vários testemunhos, é em fibrocimento. Por essa razão, apesar da água de Poiares ter recebido o Selo de Qualidade Exemplar da Água para Consumo Humano,[12] em Couchel muitos habitantes continuam a utilizar água engarrafada para a alimentação de forma a evitar os riscos para a saúde do amianto, uma matéria-prima cancerígena de utilização proíbida em Portugal desde 2005.