Casa das Mulatas por Aniceto Carvalho

Seguem-se algumas memórias desta casa e dos seus proprietários deixadas por Aniceto Carvalho, e que correspondem ao período em que habitou em Couchel, entre 1935 e 1947:[1]

A seguir à da senhora Marquinhas construída já no meu tempo, em modernidade e beleza, apesar de mais antiga, a casa das mulatas, entre o Cesário e a mãe da Hermínia, era também bastante recente em Couchel.

Apesar das afinidades que de certa maneira me ligavam às mulatas, mais do que com a maioria das pessoas do lugar, nunca me esforcei para conhecer as mulatas, nem nunca cheguei a saber se elas sabiam quem eu era.

As mulatas eram três: A mãe e duas filhas, das quais apenas me lembra o nome da mais nova, a Laura, na altura pelos trinta anos… e um filho, o Tito Lívio que, pelo total desinteresse da mãe e irmãs para comigo, nunca percebi porque razão teria sido ele o meu padrinho de baptismo. […]

O Tito Lívio era, todavia, sobrinho do Pedroso velho, e por isso gerente da fábrica de curtumes do tio em Rio de Mouro. O Pedroso era irmão do Matias, do Martins, por certo de mais alguém, talvez do pai do Tito. […] tinha uma fábrica de curtumes em Rio de Mouro, pelo menos mais duas, uma em Vila Verde outra em Alcanena.

A planta mostra a configuração actual, com a casa entretanto reconstruída.

Aniceto Ferreira de Carvalho nasceu em Março de 1935, na localidade de Vale de Vaz. Cresceu em Couchel e, terminada a 4ª classe, foi trabalhar para Rio de Mouro (Sintra). Aos 17 anos ingressou na Força Aérea Portuguesa como mecânico de avião e mais tarde como especialista mecânico de material aéreo. Veterano da Guerra do Ultramar, faleceu no mês de Março de 2020.

Fica a nota aos leitores que o mesmo deixou nos seus escritos:

Que fique bem claro: Nenhum dos epítetos locais ou situações vividas tem a menor intenção de menosprezar seja quem for.