Casa do Seixo Branco por Aniceto Carvalho

Seguem-se algumas memórias desta casa e dos seus proprietários deixadas por Aniceto Carvalho, e que correspondem ao período em que habitou em Couchel, entre 1935 e 1947:[1]

A casa do António Pilão, mais tarde António do Seixo Branco era, de facto, a ultima casa do lugar, a seguir à Quinta e às Fontainhas, antes do cabeço, na bi-furcação da vereda para a Avessada. Casa nova, foi construída já depois do casamento dele com a filha do Matias, já eu não estava na terra.

Boa gente, embora por pouco tempo na terra, mal tenha lidado com eles. Mas lembro-me bem: Da Maria, a mulher dele, de luto carregado pelo falecimento da mãe, a mulher do Matias, que ainda conheci, e dele, acima de tudo, porque nunca esqueci que ele me tinha emprestado a bicicleta durante um mês para eu tratar dos documentos para ingressar na Aviação Militar.

O que Vale de Vaz tinha de miúdas a mais, tinha Couchel a menos. Até ao fim do meu tempo de escola, a não ser uma ou outra forasteira, em Couchel nem uma para amostra. Talvez umas duas, muito pequenas: no cabeço e a filha do Joaquim Catrapeiro. Mais nada. Até que nasceu a Melita, a filha do António do Seixo Branco e da Maria do Matias, já eu era crescidinho.

Parece-me que de miúdas em Couchel, só a minha irmã mais nova alguns anos depois… porque quando chegou a altura da Melita entrar na escola alguém a levou para Coimbra, por lá estudou, por lá casou, por lá ficou, sem no entanto ter deixado de ir e fazer temporadas na terra com frequência.

Aniceto Ferreira de Carvalho nasceu em Março de 1935, na localidade de Vale de Vaz. Cresceu em Couchel e, terminada a 4ª classe, foi trabalhar para Rio de Mouro (Sintra). Aos 17 anos ingressou na Força Aérea Portuguesa como mecânico de avião e mais tarde como especialista mecânico de material aéreo. Veterano da Guerra do Ultramar, faleceu no mês de Março de 2020.

Fica a nota aos leitores que o mesmo deixou nos seus escritos:

Que fique bem claro: Nenhum dos epítetos locais ou situações vividas tem a menor intenção de menosprezar seja quem for.