Notícias na Comarca de Arganil na Década de 1990

17 de Janeiro de 1998 #

1.° centenário da restauração do concelho de Poiares — Resenha Histórica

Na breve resenha histórica sobre a restauração do concelho de Poiares, a dr.ª Teresa Carvalho, vereadora substituta do presidente da Câmara Municipal, começou por salientar o passado dum povo, que devido a tantas reformas, teve de lutar para conseguir o espaço onde hoje se pode rever o concelho de Vila Nova de Poiares.

Espaço que foi povoado e teve grande importância desde tempos ancestrais, como referiu, para continuar:

– O que se prova pelo pequeno e degradado monumento histórico, mas nem por isso menos importante na história nacional, que é o dólmen de S. Pedro Dias.

Este povoamento começa a ser atestado por documentos do Mosteiro do Lorvão desde meados do século IX, onde este Mosteiro tinha propriedades, nomeadamente em Couchel e Abraveia.

Também desde o século X começa a ser referida a povoação da Mucela, banhada pelo rio Alva e sobre o qual em 1298 se edificou a “Ponte da Mucela”, que é ainda hoje um dos testemunhos importantes e com um tipo de construção dos mais importantes do género que chegou até nós.

Em toda a época medieval ha alusões à Albergaria de Poiares, importante pela sua situação geográfica a nível nacional e até internacional, pois está numa das designadas estradas de S. Tiago.

Em 1195 já o infante D. Afonso, filho do rei D. Sancho I e futuro rei D. Afonso II ao conceder foral aos moradores de S. Vicente da Beira diz ter intervido no acto o trade Joane, desta Albergaria.

Desde o reinado do D. Sancho I e da rainha D. Dulce se sublinhava a importância desta Albergaria, sendo até estes reis seus protectores, pelo facto da mesma ser já uma instituição piedosa e vocacionada para servir os que trilhavam os caminhos entre Coimbra e as Beiras interiores.

Os bens desta Albergaria passam em 1200 por decisão do rei Povoador para sua filha D. Teresa, após anulação do seu casamento com Afonso IX, rei de Leão, que por morte desta rainha, monja recolhida depois ao Mosteiro de Lorvão, passam novamente para a Coroa.

Em 1236 após D. Sancho I ter conquistado a vila de Arronches aos mouros, doou a mesma ao Mosteiro de Santa Cruz, mas D. Afonso III achou por bem trocar essa vila pelas terras da Albergaria, passando assim as mesmas a pertencer ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra.

Segundo as inquirições de 1258, a rainha D. Dulce doou à Albergaria a vila do Ervedal e seus termos, do actual concelho de Oliveira do Hospital, para assim apoiar a sua manutenção. Mas até no próprio testamento do rei D. Sancho aparece como doação a importância de duzentos maravides ou marabitos para esta Albergaria.

Aparecem também grandes referências históricas durante o século XVII à Serra de S. Pedro Dias e à sua capela de S. Pedro, conhecida por «Almas da Serra».

Mas este concelho, hoje «chamado concelho de Vila Nova de Poiares», designação oficial após a sua elevação a vila em 17 de Agosto de 1905 — sendo a própria povoação de Santo André de Poiares já há data a sua sede concelhia — tem uma história actual, algo longa e dorida. Nasceu em 1838 no reinado de D. Maria II, sofreu alterações geográficas em 24 de Outubro de 1855, quando a freguesia de Serpins – Lousã recebe algumas povoações e casais que estavam incorporados no nosso concelho e a freguesia de S. Mateus de Friúmes passou a pertencer ao concelho de Penacova e algumas povoações da freguesia de Semide, como Segade, passaram para o concelho de Miranda do Corvo.

Em 1866 foi confirmada a supressão do concelho que em 1867 o Ministério de que fazia parte o conselheiro José Dias Ferreira, de Pombeiro da Beira, entendeu restaurar, não com a área primitiva mas sim com a área algo amputada e distribuída pelas freguesias já referidas. Em 13 de Janeiro de 1898 é neste concelho incorporado o lugar da Moura Morta, na freguesia de S. José das Lavegadas, deixando de pertencer ao concelho de Arganil.

Em 1895, o Ministério presidido por João Franco volta a suprimir o concelho de Poiares e só as reformas administrativas que vieram a anular as decisões do franquismo, tornaram possível a restauração definitiva deste concelho.

Por decreto de 13 de Janeiro de 1898, publicado com os respectivos mapas no Diário do Governo de 15 e 18 do mesmo mês, reinando então D. Carlos e estando no poder o Partido Progressista chefiado por José Luciano e Castro, foi possível esta restauração.

É justo recordar nesta data alguns nomes ligados à criação do concelho, por isso, como o conselheiro José Dias Ferreira, de Pombeiro da Beira, Francisco Correia da Costa, poiarense do lugar da Ferreira, José Luciano de Castro e Júlio Ernesto de Lima Duque, natural de Penacova, médico, militar e deputado pelo Círculo, bem como os poiarenses que a data ficaram vogais efectivos, como António Carvalho Pego, Artur Montenegro Ferrão Castelo Branco, Daniel José Dinis, José Henriques Simões, Manuel Seco Gouveia e até os seus vogais substitutos como Adelino Seco Gouveia, Arsénio Pereira Pimentel, João Henriques, Joaquim António dos Santos, Matias Pedroso de Lima.

19 de Setembro de 1996 #

Salas & Viagens — Partidas e Chegadas

Veio de França para Couchel (Vila Nova de Poiares) o sr. Francisco Urbano.

11 de Agosto de 1992 #

Os incêndios que nos flagelaram — Do concelho de Arganil, aos de Poiares, Lousã e Miranda do Corvo — O fogo fez das suas

Como já referimos, o fogo [?] do concelho de Arganil [?] e de Vila Nova de Poiares causou prejuizos incalculáveis.

A serração do sr. Alvarez, em S. Miguel de Poiares, foi pasto [?] as chamas tal como toda a [?] perto de Alveites, Olho Marinho, Entroncamento, quase [?] vila de Poiares. A serra de S. Pedro Dias foi um mar de [?], Couchel, Entroncamento, [?] S. Miguel, Malpartida, Vale de [?] própria vila de Poiares, passaram horas dificeis, tal como [?] já no concelho da Lousã [?] outras terras foram assoladas [?] este incêndio, de proporções inimagináveis.

Por outro lado, os concelhos de Oleiros e Seia também têm, infelizmente, a sua história sobre estes incêndios.

No concelho de Oleiros chegou a haver necessidade de evacuar populações perante a ameaça do fogo, que lavrou por grandes extensões. Quanto ao concelho de Seia, a freguesia de Vide foi a mais sacrificada, com perigo para as povoações de Muro, Casal do Rei, Silvadal, etc. Mas também Catraia de S. Romão teve o fogo como «presente».

Outros incêndios houve na nossa zona, cujos pormenores não são do nosso conhecimento. Uma verdade incontestável: tudo vai ardendo por esse País fora.