Padre Francisco Ferreira de Carvalho

Casa das Fontainhas

Sobre este padre podemos ler na monografia de Vila Nova de Poiares por Manuel Leal Júnior:[1]

Era natural do lugar da Lombada, deste concelho, que nessa altura pertencia ao concelho de Tentúgal.

Frequentou com muita distinção a faculdade de Cânones da Universidade de Coimbra, obtendo o grau de Doutor em 31-7-1827, vindo a ser professor da mesma faculdade, cuja regência manteve durante bastantes anos, imortalizando-se pela sua conduta e proverbial bondade.

Era muito estimado pelos seus discípulos e passava por nunca ter lançado um R na caderneta escolar dos seus discípulos.

Residia no lugar de Couchel, na «Casa das Fontainhas», e a família que o rodeava era das mais respeitáveis do concelho.

Escreve ainda José Dias Ferrão sobre o mesmo:[2]

O dr. Francisco Ferreira de Carvalho, doutorou-se na Faculdade de Cánones da Universidade de Coimbra, em 31 de julho de 1824. Posteriormente, entrou no magistério da sua Faculdade, onde chegou a lente catedrático.

O ensino das ciencias teológicas, jurídicas e sociais, estava dividido na Universidade de Coimbra em três faculdades: Teologia, Canones e Leis, perfeitamente autónomas, apesar das ligações que as ciencias nelas versadas tinham entre si, havendo até cadeiras comuns para os que frequentavam as diferentes faculdades.

A reforma universitária de 1837 fundiu a faculdade de Cánones com a de Leis, resultando dessa fusão a nova faculdade de Direito, para onde passou o ensino dos sagrados Canones, mais simplificado, porque o Direito Canónico, depois da famosa Lei Aurea ou da Boa Razão, passou a ter menor importância, e o ensino da Lei.

Ficando, assim, extinta a faculdade de Canones, o professor Francisco Ferreira de Carvalho transitou para a de Direito, e foi reger a cadeira de Direito Eclesiástico Português, no 5.º ano, onde foi substituído, depois de aposentado, pelo dr. José Pereira de Paiva Pita […]

Após a sua aposentação, o dr. Carvalho veio acolher-se ao confôrto da família, de seu irmão e sobrinhos, senhores da Casa de Couchel, onde viveu o resto da vida e aonde existia há poucos anos, na sala principal, o seu retrato, como recordação do seu nome ilustre.

Foi nesta Casa de Couchel que êle recebeu a visita de Alexandre Herculano a que já me referi nas colunas deste jornal, e que anda ligada à celebre carta escrita do Mosteiro de Lorvão ao estadista António de Serpa Pimentel, sôbre o estado miserável em que jaziam as tristes freiras daquele convento, e que lhes fôsse votada uma modesta pensão para não morrerem de fome e de frio.


  1. Manuel Leal Júnior. Vila Nova de Poiares: Monografia. Atlântico Editora, 1978 ↩︎
  2. Comarca de Arganil, 01-07-1941 ↩︎