Pastor de Vale da Casa

Bíblia asssinada pelo Padre Francisco em 1924
Avestruz do pastor de Vale de Casa, em 2006.

Em Vale da Casa vivia um pastor de nome António. Homem simples e simpático, retornado de Angola, com inúmeras histórias para contar. Os seus queijos frescos, que vendia ao quilo, eram bastante procurados pelas pessoas da redondeza.

Todos os dias da semana o pastor pegava no seu almoço e no seu chapéu bombardeiro de lã, e fazia, com várias dezenas de cabras e ovelhas, o caminho de cerca de dois quilómetros que liga ao sítio dos Marmeleiros, em Couchel. Aí ficava até ao final do dia.

De todos os animais de que o pastor cuidava destacavam-se duas avestruzes adultas. Certo dia, uma das avestruzes soltou-se e fugiu, obrigando o pastor a pedir auxílio. Juntaram-se algumas pessoas que só à noite lhe conseguiram deitar mão. A avestruz terá percorrido uns quantos quilómetros pois na semana seguinte foi encontrado um ovo desta espécie de ave na Passaria,[1] no terreno onde estão os pinheiros-mansos. O ovo foi drenado e guardado como lembrança física desse episódio.

O pastor António manteve-se a apascentar o gado em Couchel ao longo dos anos 90 e primeira década do novo século, durante vários meses do ano. O avançar da doença de Alzheimer acabaria por o privar dessa rotina, e o pastor de Vale da Casa deixou de vir para estas paragens.


  1. Este local é referido como “Passaria” ou “Parceria”. ↩︎