Um Ninho na Fonte das Tortas por Aniceto Carvalho
Escreve Aniceto Carvalho:[1]
Encontrar um ninho deste artista, um rouxinol, era um prodígio. Um dia achei um na Fonte das Tortas. Na minha boa fé ensinei-o ao Alberto “Mascarenhas”, o meu maior amigo. Avisei-o repetidamente:
Se roubares este ninho, mato-te, corto-te aos bocadinhos e dou-os ao cão da Abessada, o Mondego, e ao Liró, o cão do Ti António Henriques!
O Alberto nem pestanejou: Logo que virei as costas, roubou o ninho. Não matei o Alberto “Mascarenhas” mas, fica aqui dito que foi por uma unha negra que não o entreguei num cestinho à ti Maria do Alpendre.
“Mascarenhas” porque a minha tia Alcina achava que Mascarenhas queria dizer artolas. Mas não. O Alberto não era artolas. Nem perto. Na verdade era muito mais ajuizado do que eu com uma paciência infinita para me aturar. O Alberto continuou a ser o meu maior amigo e, por certo o meu melhor amigo de todo o sempre se acaso tivéssemos seguido vidas próximas.
Aniceto Ferreira de Carvalho nasceu em Março de 1935, na localidade de Vale de Vaz. Cresceu em Couchel e, terminada a 4ª classe, foi trabalhar para Rio de Mouro (Sintra). Aos 17 anos ingressou na Força Aérea Portuguesa como mecânico de avião e mais tarde como especialista mecânico de material aéreo. Veterano da Guerra do Ultramar, faleceu no mês de Março de 2020.