Incêndios Florestais

Fogo nas Malhadas, junto à Quinta das Fontainhas
Fogo junto à Quinta das Fontainhas em 2017.

É impossível encontrar alguém destas paragens que não tenha alguma história que envolva incêndios. De facto, os fogos são desde há muito uma realidade com a qual estas pessoas têm de conviver, sendo muito raro o Verão em que não ocorra algum incêndio nas redondezas. Ainda assim, existiram alguns incêndios que deixaram marcas e que por isso continuam a ser referidos anos e mesmo décadas após terem ocorrido.

Um desses incêndios foi o de Agosto de 1992. Do “concelho de Arganil, aos de Poiares, Lousã e Miranda do Corvo”, o fogo “causou prejuízos incalculáveis” podemos ler na Comarca de Arganil de então.[1] Ao que contam ainda alguns habitantes, os fogos com origem em Arganil e que alastravam rapidamente, foram acompanhados durante o dia com preocupação pela população. É pela noite dentro que chega ao nosso concelho, destruindo uma serração em São Miguel, e fazendo outros estragos em Alveite, Olho Marinho, Malpartida, e na própria vila.[1] O fogo continua imparável até que na madrugada seguinte chega a Vale de Vaz, nomeadamente na zona do Covão, e a Couchel, principalmente na Ínsua e Poisada.

É mais recente, de 15 de Outubro de 2017, o incêndio que mais terá afectado Couchel. Com a memória negra recente do incêndio de Pedrógão Grande, em Junho desse ano, onde faleceram 66 pessoas, em Outubro ocorrem uma série de incêndios no centro e norte do país que causam 50 vítimas mortais, destroem 50.000 hectares, incluindo casas e fábricas.

Em Couchel, este fogo dizimou grande parte da sua área verde. Os sítios de Malhadas, Ínsua, Poisada, Salgueiral, Carril, Vale do Forno, Barreiro Salgado, Poiso da Madeira (Alto da Chã) e Cortiço foram praticamente consumidos na totalidade pelas chamas.

Pinhal do Alto da Chã, após os incêndios de 2017
Pinhal do Alto da Chã, após os incêndios de 2017.

Um inquérito realizado pela Universidade de Coimbra mostra resultados coincidentes com o que foi manifestado por algumas pessoas da terra, que consideram a desorganização do governo e protecção civil o principal motivo para a incapacidade na resposta ao incêndio.[2]

Vários dos terrenos, nomeadamente os do Alto da Chã, encontravam-se limpos, o que travou o fogo. No entanto, os bombeiros tinham ordens para aguardar junto das habitações e ignorar o que se passava na floresta. O fogo foi por isso lentamente destruindo toda a floresta envolvente, e as suas frentes alastrando, até chegarem à povoação.

Felizmente, em Couchel, nenhuma casa habitada foi consumida pelas chamas, contrariamente ao que se verificou em outros pontos do concelho. É consensual o sentimento de que foi fundamental a ajuda da população, que com os seus próprios meios impediu um desastre maior, nomeadamente em Vale do Forno, onde só assim foi possível salvar casas e plantações.

Em Vale do Forno, após os incêndios de 2017
Em Vale do Forno, após os incêndios de 2017.

Os danos deste incêndio mantêm-se passados vários anos, tendo a vegetação ficado desorganizada e ao abandono. Após os incêndios foi criada uma ZIF (Zona de Intervenção Florestal) que inclui uma larga porção dos terrenos, e que tem em vista “facilitar a aprovação de novos projetos dedicados à floresta, diminuir o risco e a severidade dos eventuais incêndios florestais e melhorar o equilíbrio ecológico no território”.[3]

Na Boiça, próximo do Alto da Chã, em 2017
Na Boiça, próximo do Alto da Chã, em 2017.